Dia Mundial da Criança: Servir e Devolver
Hoje assinala-se o Dia Mundial da Criança, data celebrada pela primeira vez em 1950 por iniciativa das Nações Unidas e com o objetivo de relembrar os problemas que as crianças de todo o mundo enfrentam. Neste dia são reforçados os direitos das crianças independentemente da sua raça, cor da pele, religião, origem social ou país de origem. Todas têm direito a crescer num clima de paz e fraternidade e a receber afeto, amor e compreensão, uma alimentação adequada, os cuidados médicos necessários, a educação mínima gratuita e a proteção contra todas as formas de exploração.
Como pais e família é da nossa responsabilidade garantir que estes direitos se cumprem e que todo o crescimento e desenvolvimento das nossas crianças ocorre em meio propício para isso mesmo, e todas as memórias contam.
Já é sabido que as crianças aprendem desde que ainda estão na barriga das suas mães, nomeadamente através do som e do tato, e agora, de acordo com estudos neurológicos e anatómicos sabe-se que durante os primeiros cinco anos de vida o cérebro das crianças desenvolve-se a uma enorme velocidade alcançando praticamente 90% do tamanho do cérebro de um adulto. Em mais nenhum momento da vida o cérebro se desenvolve desta forma!
De acordo com especialistas em crescimento infantil o desenvolvimento saudável das nossas crianças, desde bebés, depende essencialmente da satisfação de cinco necessidades: ligação, conversação, brincadeira, uma casa saudável e uma comunidade ao seu redor (seja na forma de família, amigos e/ou vizinhos). Está comprovado que quando os pais e famílias asseguram o cumprimento destas necessidades as crianças alcançam o seu total potencial. E eis como todos o podemos fazer.
Os investigadores chamam a este processo “servir e devolver” que, muito simplificadamente, mas de forma muito efetiva, significa: interagir, falar e brincar com as crianças. E é tão simples como sugerir à criança que imite o adulto em jogos de imitação, que desenvolvem a imaginação e a empatia, que nomeie pessoas, objetos e lugares, criando assim vocabulário e atenção, e que jogue às escondidas (em caso de crianças muito pequenas ou bebés pode significar apenas esconder e mostrar a face), que cria memórias e estabelece confiança.
Está comprovado agora que estabelecer uma conexão, brincar e falar com as crianças desde cedo e frequentemente, não só melhora a relação pessoal, como contribui para a saúde mental das próprias crianças e para a aprendizagem de algumas das aptidões mais importantes da vida, como sejam: fazer amigos, fazer um teste, procurar um emprego e até, um dia, começar a sua própria família.
Esta interação cedo e frequente é fundamental para este desenvolvimento e para assegurar que as nossas crianças alcançam todo o potencial que têm em si. As crianças estão “programadas” para procurar ligações significativas e vão procurá-las em nós. Se não as encontrarem vão sofrer episódios de confusão, stress e desenvolver as suas capacidades de uma outra forma, que frequentemente no futuro, se revelam erradas ou insuficientes.
As relações positivas dos adultos com as crianças transmitem-lhes a confiança de que necessitam para experimentar coisas novas, explorar e ser verdadeiramente uma criança.
Nas palavras de Molly Wright, uma estudante australiana de 7 anos defensora do desenvolvimento infantil: “todos os momentos juntos são uma oportunidade para interagir, brincar e falar. Imaginem a diferença que podíamos fazer se todos, em todo o lado, fizéssemos isto. Para nós, as crianças, é muito mais do que apenas um jogo. É o nosso futuro.”
O mundo gira a uma velocidade alucinante, mas não permitamos que nos tire os pés do chão e nos faça perder o sentido do que é mais importante: as nossas crianças. Dependem de nós para tudo, incluindo para o seu futuro.
Feliz Dia Mundial da Criança, que seja todos os dias!
Fotografia de Joshua Choate do diretório de fotografias Pixabay.