FAO Assina Aliança Comprometedora
A FAO, do original The United Nations Food and Agriculture Organization (em português Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), é uma agência das Nações Unidas cujos esforços se concentram na erradicação da fome e no combate à pobreza no mundo. Atualmente atua com neutralidade em mais de 130 países e contribui ativamente para a elaboração de políticas ligadas à agricultura e alimentação sustentáveis.
Recentemente foram realizados avanços para uma aliança entre a FAO e a CropLife International. A CropLife consiste numa associação que possui como membros os maiores fabricantes de agroquímicos do mundo como a BASF, a Bayer, a Corteva, a FMC e a Syngenta. Todas empresas que obtêm 1/3 dos seus lucros a partir da venda de pesticidas altamente tóxicos para o ambiente e para a saúde humana, assim como da introdução de “soluções sustentáveis” que recorrem a organismos geneticamente modificados.
Esta aliança, que já se encontra em andamento, é comprometedora de futuras decisões que a FAO possa pretender implementar, pois assinando uma parceria com estas empresas possuidoras de grande poder sobre o setor agroquímico, a neutralidade da agência é posta em causa.
Num futuro que se pretende sustentável não podem ser permitidas soluções disfarçadas de ecológicas apenas porque vão de encontro aos interesses económicos de alguns. Para que o futuro seja promissor inovação e novas tecnologias vão ter que surgir sim, mas elas terão que quebrar com os ciclos atuais de plantação errada e intensiva, seguida de fertilização de compensação e com a consequente utilização de agrotóxicos para controlar pestes que ocorrem devido ao modo de produção utilizado, e não contribuir para que esta realidade continue.
Não pretendemos ser alarmistas, mas como cidadãos preocupados com o futuro sentimos necessidade de atuar e informar. Não pode ser permitido que uma agência internacional, responsável por eliminar a fome e auxiliar agricultores e comunidades rurais a melhorarem as suas práticas agrícolas para que lhes seja possível serem produtivos sem colocarem em risco a sua saúde e o meio ambiente, realize uma aliança com industriais de um setor que coloca diretamente em risco essas mesmas pessoas e comunidades.
Somos completamente a favor de alianças e parcerias, mas acreditamos que as mesmas apenas devem ser efetivadas se todas as partes pretenderem trabalhar no mesmo sentido, o que neste caso não nos parece que vá ocorrer, pois existe um claro conflito de interesses.
Se como nós considera que esta aliança é comprometedora junte a sua voz à de 350 associações civis de 63 países, de 250 cientistas, 47 fundações e organizações e assine a petição que pretende comunicar ao Diretor Geral da FAO Qu Dongyu as nossas sinceras e profundas preocupações sobre esta aliança em desenvolvimento.
Porque o futuro pretende-se desenvolvido em prol da comunidade e população humana, não em torno dos interesses económicos de alguns.