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Futuro circular

Futuro circular

O modelo de vida da Humanidade baseou-se na produção de artigos, no usufruto das suas funções e habilidades e no seu posterior descarte, praticamente instantâneo ou quase. Produziram-se artigos em massa com o objetivo de tornar a nossa vida mais cómoda, mais tecnológica e sempre possuidora de mais, sem prestar a devida atenção aos avisos da comunidade científica sobre as consequências deste modelo.

Quem avisou sabia que os principais recursos em utilização não são infinitos, que a poluição iria gerar um agravamento do estado de saúde geral da população e que os resíduos que produzimos iriam suplantar rapidamente a nossa existência.

É verdade que esta capacidade de produzir conduziu a Humanidade até aos avanços científicos que verificamos hoje, potenciou economias e melhorou a qualidade de vida em geral. Contudo este modelo tem obrigatoriamente os dias contados. O planeta está a dar-nos sinais de que é agora o momento de mudar, de repensar o nosso modelo de vida para que se encontre mais em conformidade com os exemplos que a natureza nos fornece, tornando menos negativos todos os passos que damos de agora em frente.

Os especialistas têm um nome para este modelo: economia circular. É um modelo de moderada complexidade, uma vez que introduz todo um novo paradigma económico, ambiental e até social, mas pode ser simplificado dividindo-se a produção de novos bens em dois ciclos: o biológico e o técnico.

Se o artigo em produção é biológico então o mesmo deve ser totalmente biodegradável (embalagem incluída). Desta forma reproduz-se a cadeia alimentar que observamos na natureza.

Se o artigo é técnico então o mesmo deve ser divisível, desmontável ou até parcelado o suficiente de modo a dar origem a novos materiais/peças base, que serão recompostos em novos artigos.

Para que a metodologia esteja completa o comportamento humano sobre os seus pertences tem também de mudar. Devemos equacionar o aluguer ao invés da compra de artigos, repensar devidamente antes de comprar, utilizar os artigos comprados pelo máximo de tempo possível (reparando-os até ao limite), possibilitar a outras pessoas que os utilizem por um longo período (doando, alugando ou vendendo os artigos que já não nos são úteis) e apenas quando se esgotam as restantes opções reciclar, reiniciando o círculo.

Neste modelo comprova-se a possibilidade de um modo de vida praticamente sem resíduos. Com uma reestruturação da indústria, com uma mudança de comportamento humano, com esforço, dedicação e perseverança teremos um futuro circular.

Não podemos deixar que a ideia de que muito tem de mudar antes que seja necessário que os nossos comportamentos individuais reflitam este modelo. Comecemos já. Façamos já as escolhas corretas e demonstremos qual é o caminho que pretendemos seguir, pressionando quem vem atrás ou ao nosso lado (políticos, fabricantes, família/amigos e conhecidos) a fazer o mesmo.

Porque o futuro começa agora.