Principais Conclusões Preliminares do Relatório do IPCC
O IPCC, ou Painel Internacional para as Alterações Climáticas, consiste num grupo de cientistas e investigadores cujo objetivo é estudar o impacto das alterações climáticas em todo o planeta, com o evoluir das medidas tomadas internacionalmente (ou a falta delas) e a previsão do que irá mudar e como irá mudar com o aumento global da temperatura da Terra.
Eis um breve resumo dos principais resultados do último relatório (ainda preliminares e a aguardar finalização), se o aumento global da temperatura do planeta se situar nos 3ºC (cenário mais provável neste momento, uma vez que os países em geral estão a falhar os seus objetivos para manter o aumento da temperatura global em 1,5ºC):
- a grande maioria do território português terá em média mais 30 a 40 dias de calor extremo (acima de 35 graus) para além dos que já têm sido habituais
- o litoral será fustigado por episódios de chuva intensa com regularidade e o centro sul e o interior sul sofrerão períodos de seca contínua mais prolongada
- a temperatura do mar subirá entre 1 a 2ºC e poderemos observar uma subida do nível do mar variável entre 0,4m a 0,7m
- o território acentuará a sua característica mediterrânica, transformando-se progressivamente num país mais seco o que reduzirá em larga medida a variedade de espécies de plantas e mamíferos e drasticamente a população de insetos
- os setores do turismo, transportes, indústria e comércio foram classificados como ainda mal preparados/adaptados para as alterações climáticas previstas apesar de Portugal como um todo possuir um Plano de Ação atualizado e em vigor
- se for bem sucedida uma adaptação classificada como média pelos especialistas mesmo assim são previstos níveis de risco: moderados a altos para aumentos de stress térmico, morbilidade e mortalidade associada ao aumento de temperatura generalizado; altos e muito altos para quebras nos ecossistemas marinhos e terrestes; altos para perdas de produção agrícola; altos e muito altos para seca e escassez de água e simultaneamente para cheias derivadas de rios, chuva e mar; altos e muito altos para o impacto na herança cultural e infraestruturas locais.
Assim é possível verificar que os resultados não são positivos. A janela de oportunidade que os países têm para, como um todo, assegurarem a manutenção do aumento da temperatura global do planeta em apenas 1,5ºC está a fechar-se rapidamente. E apesar de Portugal possuir um plano organizado os principais setores de atividade ainda não estão preparados e, como tal, sofrerão um maior impacto.
A palavra de ordem é, portanto, a adaptação. Compreender e conhecer o que os investigadores acreditam que irá ser o futuro, acreditar nesta informação científica e pôr mãos à obra. Sejamos entidades com responsabilidade territorial, sejamos empresas ou apenas como cidadãos. Todos temos um papel a desempenhar e todos devemos agir alterando o nosso estilo de vida e adaptando-o à nova realidade que se avizinha a passos largos.
Manter-nos-emos atentos aos resultados finais e atualizaremos a informação partilhada assim que possível, pois consideramos que o conhecimento é a chave para a mudança e apenas com ele podemos tomar as melhores decisões. Por um futuro sustentável.
Fotografia de Markus Spiske do diretorio de fotografias Pexxels e cuja frase se traduz livremente para “Não existe planeta B”.